O que o caso do Minas Tênis Clube nos ensina

Esta semana, o mundo dos esportes, em especial o do voleibol, foi protagonista de uma polêmica envolvendo o jogador Maurício Souza, do Minas Tênis Clube.

O caso ganhou repercussão em função de uma publicação do jogador sobre o fato de o novo Super-Homem, filho de Clark Kent, se descobrir bissexual nas próximas edições das histórias em quadrinhos da DC Comics.

Ao compartilhar a imagem lançada pela DC, Mauricio Souza escreveu na legenda: – Ah é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar – postou o jogador.

A declaração rapidamente acendeu um alerta em toda comunidade esportiva e rendeu diversas reflexões sobre reputação, imagem pública e brand cause, entre outros temas.

Marcas estão mais comprometidas com causas humanas e sociais

Não estamos “ilhados”: vivemos em uma sociedade em que, mais do que nunca, tudo que é falado e comunicado tem impacto – direto ou indireto – em pessoas, empresas e marcas.

A declaração do jogador, que é uma figura pública e possui relacionamento direto com marcas que não somente apoiam, mas patrocinam sua atividade, é potencializada exponencialmente.

Clique aqui e confira a nota emitida pela FIAT

Considerando que questões de gênero e diversidade são causas cada vez mais “adotadas” pelas empresas, a publicação de Mauricio Souza fere diretamente o público conectado a estas causas e, por consequência, afeta as marcas associadas ao clube do jogador.

Clique aqui e confira a nota emitida pela Gerdau

Não à toa, tão logo o fato ocorreu, patrocinadores do Minas Tênis Clube, especialmente a FIAT e a Gerdau, se posicionaram criticando a atitude do jogador e cobraram publicamente uma posição do clube. O nome destas marcas, inclusive, compõe o próprio nome da equipe, denominada Fiat/Gerdau/Minas.

Clique aqui e confira a nota emitida pelo Minas Tênis Clube

Posicionamentos pessoais impactam sobre a marca corporativa (e vice-versa)

O grande público, ao relacionar o jogador às marcas, entende que o posicionamento dele também as representa, o que leva a uma crise de imagem corporativa. Em um mundo globalizado, com o acesso à informação e ao pronunciamento literalmente na palma da mão, essa situação é como pólvora, alastrando-se em velocidade máxima.

Esse é um dos pontos importantes a serem considerados: não há liberdade de expressão que justifique uma publicação preconceituosa.

Como a cultura do cancelamento afeta as marcas

Assim, não há como fazer a dissociação do jogador e das empresas: rapidamente, a pressão no time para que uma ação seja feita inicia. Esse cenário que, há tempos, levava dias para se ter um retorno, hoje, leva a um desligamento em cerca de horas, “destruindo” uma carreira consolidada.

Atenção: redes sociais constroem (e desconstroem) reputações!

Estamos acostumados a ver as redes sociais ainda como um “círculo de amigos, familiares e conhecidos”: mas, este caso retrata muito bem que estão muito além disso.

Cada publicação, cada post, cada stories carrega consigo a responsabilidade sobre o que, como e para quem está sendo comunicado.

Apesar de a opção de excluir estar disponível nas mídias, o que é dito, escrito, publicado torna-se vitalício, porque, se alguém, em algum momento, viu (antes que fosse retirado do ar) e tirou “print”, há a possibilidade de isso voltar à tona e com muito mais força.

Não foi o caso com o jogador: mas, é essencial saber que as redes sociais são “terrenos de areia”, que devem ser utilizados com inteligência, entendendo que elas têm um papel fundamental na consolidação da reputação. Todavia, elas também podem “cancelar” uma trajetória.

Como fica a imagem de Mauricio Souza a partir de agora?

Mauricio Souza não foi o primeiro e não será o último a passar por uma situação dessas: estamos vivenciando uma era de transição e de descoberta do quanto nossa comunicação tem interferência muito maior do que imaginamos.

No entanto, não se pode negar que, por algum tempo, ele precisará lidar com as consequências de sua atitude.


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